Entre tantos descalabros e vandalismo, o caso passou despercebido.
Mas foi mais grave do que parece.
Dezenas manifestantes em Belém na terça-feira decidiu ir além.
Não só protestaria contra o aumento de R$ 0,20 centavos da tarifa dos ônibus.
Elas passaram a custar R$ 2,40.
O grupo decidiu invadir o antigo presídio São José Liberto.
A missão: sequestrar o símbolo da Copa do Mundo mais cara da história.
A taça que estava sendo exposta.
Roberto Rivellino havia sido o mestre de cerimônia.
Posado beijando, abraçando, acariciando o desejado objeto.
A taça já passou por 89 países.
Mostrada como propaganda da Copa de 2014.
A ação dos manifestantes foi feita à noite.
Quando a segurança já não era tão grande.
O prefeito Zenaldo Coutinho e Rivellino já estavam longe.
A taça mede 36,8 centímetros, pesa 6,175 quilos e é feita de ouro e malaquita.
O site Luxury Launches, especializado em produtos de luxo, a avalia em R$ 280 mil.
Mas seu valor incalculável é o que simboliza.
O prêmio para quem for campeão do mundo.
Os policiais que perceberam a ação agiram imediatamente.
Sabiam que a ação poderia acontecer.
Como no ano passado em Porto Alegre.
Quando militares protegeram um boneco inflável representando o Fuleco.
Outras réplicas gigantes haviam sido esfaqueadas no país.
Os soldados paraenses tiveram uma reação firme, partiram para o confronto.
Passaram a jogar bombas de gás lacrimogênio nos manifestantes.
Encararam os estudantes, os afastaram.
E, com seus escudos, se postaram em frente à porta que dava acesso à taça.
Quatro manifestantes conseguiram chegar perto da taça.
Mas os seguranças os enfrentaram e os repeliram.
Em seguida, tiraram o cobiçado objeto do presídio São José Liberto.
Tivessem mais organização...
E fossem em um número maior, os manifestantes poderiam ter conseguido.
Tomado a taça e desmoralizado ainda mais a imagem do país.
O mundo não se esqueceu do que aconteceu com a Jules Rimet.
A antiga taça que o país conquistou por ter vencido três vezes o Mundial.
A ação foi absurda, ridícula.
A CBF mantinha uma réplica trancada em um cofre.
E a original ficava exposta para visitação.
No dia 20 de dezembro de 1983 foi roubada.
Dois homens invadiram a sede da entidade.
Renderam o vigia com um revólver.
E tiraram a taça sem o menor trabalho.
Ela estava em uma redoma de vidro à prova de balas.
Os dois usaram uma picareta e arrebentaram por baixo a base, de cimento.
Policiais do Rio de Janeiro descobriram que ela foi derretida.
Para os bandidos aproveitarem o ouro.
"Eu chorei muito.
Sofremos demais para ganhar a Jules Rimet.
E a CBF não soube nem protegê-la.
Não me conformo."
Disse, na época, Pelé.
Se manifestantes brasileiros tomassem a taça seria novo vexame.
A Coca Cola é responsável pela mostra do troféu pelo mundo.
Não havia passado por nada parecido.
E tentou minimizar o que aconteceu em Belém.
Mas na verdade, a segurança foi muito reforçada.
Executivos da empresa finalmente perceberam.
O troféu pode ser um importantíssimo símbolo de protesto.
Já foi assim ontem, em Teresina, no Piauí.
Hoje está em Natal.
Depois passará por Recife, Fortaleza e Brasília.
O ponto mais preocupante será São Paulo.
Ela ficará do dia 29 até primeiro de junho no Shopping Itaquera.
Onde há a certeza que policiais também não sairão de perto do troféu.
Manifestantes já destruíram pelo país vários símbolos da Copa.
Fulecos infláveis foram furados.
Em Teresópolis, onde a Seleção ficará concentrada, o estrago não foi evitado.
Uma réplica da Copa do Mundo de 300 quilos e seis metros foi construída.
Toda de fibra de vidro e metal.
Dois artistas locais queriam homenagear o time de Felipão.
Mas na manhã de terça-feira ela apareceu queimada.
Os bombeiros de Teresópolis tentaram espalhar a versão de curto circuito.
Ficou nítida a impressão de tentativa de abafar o caso.
Mas a polícia revelou a verdade.
A obra havia sido queimada.
Um manifestante jogou álcool e ateou fogo.
As autoridades estão preocupadas em Teresópolis.
A segurança da Granja Comary será também reforçada.
Assim como os deslocamentos das seleções, principalmente a Brasileira.
Além de todo o estafe da Fifa.
As autoridades policiais brasileiras estão preocupadas.
Os protestos contra a Copa estão indo muito além do planejado.
E mais violentos.
Proteger a taça agora virou também uma das prioridades.
Joseph Blatter e Jérôme Valcke se mostram surpresos.
Não esperavam nunca esse clima de revolta.
"Tinha certeza que no Brasil seria apenas festa."
Disse, em tom de absoluta tensão, o presidente da Fifa.
Ele e seu secretário só deverão se deslocar por helicópteros no Mundial.
Faltam exatas três semanas para a Copa começar.
E nada de festa pelas ruas.
O Mundial virou sinônimo de tensão e muita preocupação.
Não é por acaso que o governo já decidiu.
Vai gastar R$ 2 bilhões com segurança no Mundial.
Dinheiro dos cofres públicos.
Enquanto isso, a colombiana Shakira fatura.
E Carlinhos Brown faz figuração no clipe oficial da Copa.
Alguma surpresa?
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