.

.

sábado, 16 de maio de 2015

Governo de Pernambuco só vai contratar para o período junino pernambucanos ou artistas que morem no Estado

Cantor Maciel Melo discorda de o Governo do Estado só contratar pernambucanos / Divulgação

Cantor Maciel Melo discorda de o Governo do Estado só 

contratar pernambucanos

Divulgação

A regra é clara: dinheiro público, vindo dos cofres do Estado,
 só vai servir para pagar cachê, neste período junino, a grupos 
e artistas nascidos em Pernambuco ou que vivam aqui há, pelo
 menos, seis meses. É o que diz a Convocatória Estadual Conjunta 
da Secretaria de Cultura/Fundarpe – Secretaria de Turismo/
Empetur. As atrações serão selecionadas, a partir de edital, por
 uma comissão formada por cinco pessoas: três integrantes
 do governo, dois da sociedade civil (que ainda serão 
escolhidos). “Temos muitas razões para isso”, explica 
Marcelino Granja, secretário estadual de Cultura. “Nenhuma 
é xenofóbica ou bairrista”, garante. “A gente não vai cometer
 nenhum tipo de discriminação”, reforça Felipe Carreras, secretário
 de Turismo de Pernambuco.
Aquela que vem levando a culpa por quase tudo em tempos
 atuais, também aqui é apontada como justificativa para a 
decisão estadual: a crise financeira. O titular da Cultura afirma
 que, grosso modo, a contratação de artistas de outros Estados é 
mais cara. “Menos recursos, mais criatividade. A forma mais eficaz
 de o Estado ajudar é distribuindo a verba com o maior número
 de artistas.” “É uma forma de, no momento de corte, dar um
 remédio para que os artistas locais não sejam prejudicados”, confirma Carreras.
A redução de que falam ambos é calculada em R$ 4 milhões.
 Ano passado, o Governo de Pernambuco gastou com o Ciclo Junino
 R$ 12 milhões; neste ano, serão R$ 8 milhões. Mas a restrição
 à contratação dos não nascidos ou não moradores de
 Pernambuco tem exceções: Arcoverde e Caruaru, cidades onde 
o período junino tem ainda mais vigor, receberão dinheiro
 estadual através de convênios, escapando, assim, da convocatória – 
e da exclusão dos “estrangeiros”. São 2,5 milhões para Caruaru e
 R$ 800 mil para Arcoverde. 
Marcelino Granja explica ainda que, apesar de o corte de despesas
 ter determinado a adoção que critérios de escolha para o 
apoio estadual, também foi avaliado o fato de que, em grande
 parte dos casos, são as prefeituras – e não o Estado – que regem 
as festas juninas de cada cidade. Ele lembra que isso 
também acontece no período carnavalesco: “A Prefeitura do 
Recife define o Carnaval do Recife; a Prefeitura de Olinda define
 o Carnaval de Olinda”. 
Artistas e grupos que quiserem se submeter à seleção precisam
 se inscrever até o dia 25. A divulgação das propostas 
vencedoras acontece em 9 de junho. Há, na convocatória, uma 
clara opção pelos brincantes da cultura popular, assim listados 
no documento: grupo de bacamarteiros, banda de pífanos, bumba
 meu boi, cavalo marinho, ciranda, coco, danças populares,
 embolada, forró, mamulengo, mazurca, quadrilha junina
 (de bonecos gigantes ou de perna de pau), reisado, repente, São Gonçalo, viola e xaxado. 
Questionado se essa seria uma forma de se evitar que o 
dinheiro público apoiasse aqueles que se dedicam à 
chamada “fuleiragem music” (ou “forró de plástico”), Felipe 
Carreras rebate: “Não haverá exclusão. Mas é óbvio que a 
comissão vai olhar com mais atenção os que se dedicam ao
 forró autêntico”.
Apesar de divulgados por quatro instituições estaduais 
(duas secretarias mais Fundarpe e Empetur), alguns dos critérios
 de seleção ainda precisarão ser melhor definidos. A paraibana
 Elba Ramalho, por exemplo, apesar de ter títulos de Cidadã 
de Pernambuco e do Recife (e passar parte de seu tempo na
 cidade), pode ou não ser selecionada? “Acho que há vários
 artistas com título de cidadania. Teremos que analisar”,
 pondera Marcelino Granja. “São títulos concedidos pelo
 poder legislativo”, afirma Felipe Carreras. “Elba está dentro”,
 garante.
* Colaborou José Teles

JC-CAC0515_MAN01_ARTE-WEB

Nenhum comentário:

Postar um comentário